Um pouco da história de Equipe Uirapuru nestes cinco anos de criação, alguns fatos podem ser esquecidos enquanto outros podem ter uma versão um pouco distorcida da realidade, então, por favor relevem, só entrei na equipe em Abril de 2008.
Mecânica dos Fluidos e uma Competição pra Passar de Ano!
No quarto semestre de Engenharia Mecânica da UFPA, os alunos cursam entre outras matérias a Mecânica dos Fluidos, uma das matérias chaves do curso. Em 2007 quem dava essa matéria era o professor Daniel, que tinha uma forma interessante de dar uma ajuda aos alunos na ultima avaliação: Os alunos deveriam se juntar em equipes de três componentes e construir um avião planador como um projeto de engenharia, defender o projeto em um seminário e por fim eles eram testados em uma pequena competição onde cada equipe devia arremessar o seu planador para que ele atingisse a maior distância. Segunda as regras dessa competição, a equipe que fizesse o avião planar até mais longe ficaria com nota 5+nota do seminário+uma grade de cerveja (tida pela maioria como o prêmio principal, até mais do que a aprovação) e as demais ficariam com 4+nota do seminário (no seminário geralmente todo mundo tirava nota 5).
Dessa competição, alguns alunos conheceram a SAE Brasil e o Aerodesign, uma competição que reúne estudantes de várias universidades brasileiras e estrangeiras e decidiram formar uma equipe, a Equipe Uirapuru, que então seria a primeira equipe do Pará a disputar o SAE Brasil Aerodesign.
Uma breve aspas para o nome da equipe. O pássaro Uirapuru é conhecido pelo seu belo canto e por várias lendas são atribuídas a ele por conta disso, havendo inclusive um provérbio que diz: " Quando canta o uirapuru, a floresta silencia. Todos calam para reverenciar o mestre, todos seduzidos pela beleza do seu trinado." E por conta dessa referência à floresta amazônica, lar do estado do Pará, e pela imponência dada ao canto deste pássaro, como forma de impor respeito aos concorrentes, optou-se por batizar a equipe com este nome.
E assim a equipe ficou formada, por membros daquela turma (Arielly, Anezinha, Bruno, Leonardo, Monique, Luciana, Jamerson e Carlos, eu acho..), mais dois calouros do anos de 2007 (Danilo e Jaime), além do Edy (um ano adiantado) e de alguns alunos de Engenharia Naval (Andrews e um outro cara que eu esqueci).
2008 e os Novos Calouros
Tendo uma base já formada, a equipe ia se reunindo e se preparando para o início das atividades pra valer e o lançamento do regulamento da competição de 2008. Com o início dos novo ano letivo da UFPA novos alunos chegaram e a Arielly fez uma apresentação do projeto e da equipe aos calouros (e eu no meio todo curioso pra saber como participar) o que chamou a atenção de muitos alunos, até de quem não era calouro e não conhecia a equipe.
Assim entraram mais algumas pessoas ( Luiz[eu], Marcos, Henrique, Anderson e o "Tá lig"...quer dizer... o Rodrigo ). Nessa época a equipe tava super inchada, deviam ter umas 18 pessoas envolvidas, mas poucas eram ativas e participativas nas reuniões, o que obrigou a capitã a cortar algumas pessoas.
A cada reunião havia mais cobrança e quando o Professor Carlos Humberto assumiu a coordenação da equipe (não sei quem era o anterior) e subdividiu a equipe em frentes de trabalho, foi quando vimos que esse projeto tinha que sair e bem feito. E daí começamos a escrever o nosso primeiro relatório, baseado em relatórios de equipes mais experientes e nas raras bibliografias disponíveis nas bibliotecas central e do LABEM.
Juntamente com a elaboração do relatório também houve a necessidade de se juntar uns trocados para a equipe, pois como a inscrição e a associação sairam de coleta agente tinha que encontrar um meio de arrecadar fundos e nessa época, em Junho tinham as festas do Arraial do Pavulagem na Praça da República. E nós fomos lá de isopor no ombro, durante o mês todo vendendo água e refrí para pagar a impressão do relatório e das plantas, e apesar de tudo, falo por min ao lembrar que esse foi um dos períodos mais divertidos da Equipe Uirapuru, até por que ninguém alí tinha tido esse tipo de experiência na vida, então já dá pra imaginar como foi o início...mas no ultimo domingo já tava todo mundo fera na arte de caminhar com um isopor de água no meio de uma multidão. Também é importante frisar que após esse período a equipe teve a sua configuração de membros final, sendo formada por: Arielly, Jaime, Jamerson, Edy, Leonardo, Bruno, Henrrique, Marcus, Danilo e Eu, além do Rafael que entrou de laranja na época da venda de bebidas.
X Competição SAE Brasil Aerodesign
Passada a fase de arrecadação de dinheiro, a equipe já iniciava a construção do avião, mas como de costume, a falta de apoio foi um fator que pesou muito contra a equipe, além da falta de experiencia de todos, afinal era a estréia de uma equipe da UFPa na competição. Fato este que gerou uma grande expectativa local, divulgada pelo portal da UFPa e pelas principais emissoras de TV do Pará, assim como uma expectativa dos organizadores do evento, que frisavam este ponto para as empresas que cobriam as equipes de todo o país.
Assim, com uma grande responsabilidade nas costas, construimos o Uirapuru I o primeiro avião paraense a participar e fazer um vôo completo na Competição de Aerodesign, mas antes de chegar lá devemos tocar em alguns pontinhos no mínimo curiosos sobre o famigerado aeromodelo. Primeiro que ninguém tinha confiança nele, achavam pesado demais (detalhe importantíssimo e correto) e muito grande (as fotos da competição revelaram o contrário disso), ou seja, fatores que o desacreditavam para voar.Sendo que durante a construção, as peças foram montadas em separado e na hora de caixar e montar o aeromodelo, as peças não davam certo.
Voar também foi uma coisa importante e que ele só fez na véspera da competição de fato. E quando isso aconteceu quatro membros da equipe já tinham ido para São Paulo, participar da competição sem saber se teriam um avião para competir, enquanto outros dois trabalhavam para finalizar a construção à tempo de encontrar com os outros em S.J. dos Campos.
Com uma dúvida na cabeça, o pessoal que tinha ido para a competição (de bonde, dois dias antes) não acreditava que o aviãozinho tinha voado, com um mixto de surpresa e felicidade, e no dia seguinte a Capitã e mais um membro da equipe chegaram já com o pen drive para a fazer a apresentação oral de defesa do projeto. Nesse momento a equipe era formada por Arielly, Rafael, Luiz (eu), Jamerson, Henrique e Marcus.
A apresentação oral foi um parto, a apresentação tinha sido feita as pressas e fui eu quem tive que apresentar e mesmo conhecendo muito bem o projeto, me faltou conhecimento tecnico para fazer uma defesa melhor e acabamos com a pior nota desta etapa da competição.
Já na competição de vôo, os problemas começaram a surgir a medida que as vistorias no avião iam acontecendo, inscrevi o avião para a primeira bateria do primeiro dia e nas duas baterias que ocorreram no dia não conseguimos voar, na primeira por que os fiscais barraram devido as pontas da hélice estar desgastada do vôo feito em Belém e no segundo paramos na fila para entrar na pista por falta de iluminação natural.
No segundo dia, pensávamos que iriamos só chegar, voltar para a fila e voar, porém fomos obrigados a passar em uma nova vistoria onde chegamos a ter 8, isso mesmo galerinha, OITO, fiscais olhando em tudo no nosso avião, quando o regulamento dizia que cada avião seria vistoriado por dois fiscais, apenas. Resultado, um deles viu que as extensões dos servos da fuselagem era soldados e não linkados e nos barraram de voar. Chegamos a pensar que era o fim da competição para a Equipe Uirapuru, mas graças à ajuda da Equipe Ceu Azul, conseguimos os links e os caras ainda nos ensinaram a fazer a instalação dos mesmos. Daí, já na terceira bateria, lá pelas 16h da tarde, chovendo, fazendo um frio desgraçado de fazer qualquer paraense congelar e com várias poças d'água na pista o Uirapuru I fez o seu primeiro vôo na competição e que também foi o primeiro vôo de uma equipe Paraense no Aerodesign.
Férias Forçadas e Retorno
Em 2009, mesmo com o sucesso da participação no ano anterior, a Equipe Uirapuru não participou da competição, pois alguns membros saíram da equipe por causa dos estudos, voltando a formar uma equipe totalmente renovada no inicio de 2010, onde apenas um participante havia estado na competição de 2008 estava compondo essa nova equipe. Assim, um novo projeto foi feito com base nos dados obtidos dois anos antes e o projeto ficou muito mais avançado, com um avião capaz de levantar 9,5 kg pesando apenas 3,5 kg, o Uirapuru 2.0 tinha grandes chances de brigar com as principais equipes da competição.
2011: O Melhor Projeto
O projeto U3.0 – XRZD foi menos ousado em termos de inovações que o projeto anterior, onde a ideia seria fazer um projeto conservador, porem bem embasado conceitualmente. Assim houve uma melhora significativa em termos de validação de resultados com comparação entre vários modelos, alem da comparação entre ensaios práticos e numéricos.
Como resultado, o projeto do novo Uirapuru ficou com mais de 80 pontos, a maior pontuação já obtida pela equipe em 4 anos de participação no aerodesign. Sendo que ainda há muitos pontos identificados pela equipe que podem ser melhorados, aumentando ainda mais nossas perspectivas quanto ao avanço no projeto 2012. Na classificação geral, em 2011 a equipe ficou em 53º lugar de um total de 70 equipes inscritas na classe regular, pois novamente o protótipo não vôo na competição, devido a um problema com as rodas do trem de pouso principal que ficaram travadas. Porem, ainda assim melhorando o desempenho da equipe na competição em 10 posições, mesmo sem ter voado durante a competição.
Luiz Lopes
Capitão da Equipe Uirapuru
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